Que o nível de inglês dos brasileiros é ruim todos já sabem, mas que o nível piorou nos últimos dois anos é que surpreende. Este mês a EF divulgou a maior pesquisa recente sobre proficiência na língua inglesa com 100 países e mais de 2 milhões de pessoas ao redor do mundo * e a pesquisa apontou que estamos na posição de número 59, na America Latina estamos na posição de número 12 atrás de países como Venezuela e (pasmem!) Bolívia. A pesquisa mostrou que na América Latina a Argentina se encontra no topo da lista e mundialmente a Holanda ficou com o primeiro lugar dominada pelos vizinhos europeus na lista dos top 10, a Argentina levou a posição de número 12 na classificação geral. O teste consistia em responder por 15 minutos perguntas de múltipla escolha relacionadas ao contexto do que estava sendo dito divididas entre textos e áudio, o que me deixou bem feliz pois a maioria dos testes não leva em consideração a parte do áudio. Não tinha nenhuma pergunta de gramática e todos as perguntas eram situações reais vivenciados por qualquer pessoa nativa da língua ou que mora num país de língua inglesa, o que reinforça as pesquisas recentes na área do uso de authentic materials no ensino da língua e menos avalanche de grammar por outro lado. Isso se deve ao fato que o aprendizado está relacionado cada vez mais ao uso eficiente da língua em contextos variados e não a decoreba do verb to be por exemplo, de nada adianta estudar e fazer provas pra passar de ano se o aprendizado fica no campo teórico. Vejam por favor que não sou contra o ensino de gramática, mas esta precisa estar associada ao contexto em que é aplicada.
Tem muitos dados a pesquisa que renderiam vários artigos, posso fazer aos poucos e ir trocando com vocês. O que não posso deixar de comentar nesse primeiro momento é o porque de estarmos tão atrás, já que o Brasil lidera o ranking de países com a maior quantidade de cursinhos de inglês per capita. Passei os últimos dias pensando muito nessa pesquisa e cheguei a algumas conclusões que gostaria de dividir com vocês:
- a própria pesquisa aponta uma correlação da melhora alcançada no resultado do exame com o investimento em educação de base, a pesquisa cita o Uruguay como sendo um case de sucesso
- do ponto de vista pessoal, vejo que nos últimos 10 anos é crescente a quantidade de materiais que os estudantes acham online (sites, blogs, podcasts, apps, dicas através de redes sociais etc.) levando a crer que o aprendizado possa ser alcançado sozinho sem ajuda, me deparo com muitos “potenciais” alunos afirmando que não investem em línguas pois podem estudar sozinhos ao mesmo tempo que em sala de aula os próprios alunos tem dificuldade em ter autonomia no próprio aprendizado o que é uma dicotomia
- falta de preparo dos alunos para com o estudo da língua, muitos acreditam que somente as aulas são suficientes para levarem a fluência esquecendo-se de estudar fora de classe o que levaria os alunos a terem maior autonomia, mas com acompanhamento
- falta de foco e determinação ao longo do processo, vide a proliferação de profissionais de coach num mercado super aquecido por essa demanda, ainda temos muito dificuldade de mantermos o foco quando as primeiras dificuldades se apresentam, o aluno de modo geral acha que vai ser muito mais fácil e rápido do que parece, infelizmente algumas “profissionais” vendem a ilusão de fluência em seis meses de curso, pura ilusão!
Para finalizar deixo aqui um outro link mostrando os ganhos salariais para colaboradores com nível de inglês avançado e um outro link explicando as mudanças das exigências do mercado na última década, antigamente somente altos cargos precisavam de inglês fluente, hoje em dia qualquer funcionário pode estar exposto a uma reunião em inglês a qualquer momento.